wesleyO secretário de Transporte e Trânsito, Wesley Melo, passou a manhã de hoje entre telefonemas, reuniões e pressões. As pressões, diga-se, quando não eram exercidas contra ele, eram promovidas ‘por ele’. "A gente pressiona as empresas para que elas encontrem uma solução. Negociem com os trabalhadores, façam algo. O que não pode é o usuário ser penalizado".

Quando estava do outro lado da ‘força’, Melo foi acusado pelo sindicalista Joselito Paulo, o Pé de Rato, de fazer o jogo das empresas, e pressionar os trabalhadores a tirarem os ônibus das garagens e, assim, furarem a greve.

Ele diz que foi mal interpretado pelo sindicalista, e afirma que estava tentando garantir a cota de 30% do serviço na rua. Só que há uma diferença entre 30% dos ônibus e 30% dos trabalhadores, que foi como a liminar que garantiu a paralisação de hoje foi redigida.

Para entender esse imbrólio, leia a entrevista com o secretário:

O senhor foi acusado de fazer o jogo das empresas, tentando liberar os ônibus pela manhã e, assim, furar o movimento dos trabalhadores.

Na verdade, houve uma má interpretação do sindicalista Pé de Rato. Eu não queria impedir a greve, mas garantir ao usuário o direito que ele tem ao transporte, pelo menos dentro do que a lei prevê, de 30% do serviço garantidos à população.

Mas os sindicalistas dizem que essa cota está garantida, com 15 ônibus de cada empresa fazendo esse atendimento.

É que eles estão fazendo a conta que atende aos interesses deles. Na liminar que garantiu ao sindicato essa possibilidade de paralisação, o magistrado diz que o Sindrod deve garantir que 30% dos trabalhadores, cobradores e motoristas, devem ir para as ruas. Se é assim, calculando pelo número de funcionários, deveríamos ter, pelo menos, 43 ônibus em circulação, já que cada ônibus precisa de um motorista e um cobrador. E esse era o meu intento, garantir que a população fosse a parte menos prejudicada nesse processo.

Então a sentença dá margem a interpretações, e cada lado vai fazê-las ao modo que melhor lhes convier.

É, dá margem, sim. Mas devemos entender, inclusive os sindicalistas, que essa situação só prejudica ao usuário, que é justamente quem não deveria ser prejudicado.

Outra acusação de Pé de Rato: a Secretaria de Trânsito, da qual o senhor é o titular, se ausentou das negociações em busca de um acordo com os patrões, na campanha desse ano.

Mas, de que negociações ele está falando? Ainda não houve negociações. Há um impasse envolvendo os dois sindicatos que afirmam representar os trabalhadores, que está sendo julgado pela justiça. Enquanto não se decidir quem negocia, não há negociação. Mas nós pressionamos, sim, as empresas a botar os ônibus na rua. E sabe por quê? Porque esse é o nosso papel, enquanto poder concedente.

Traduzindo…

A prefeitura concede o direito de exploração do serviço de transporte urbano às empresas. Lógico, o que esperamos com isso é que o sistema funcione, e ele só funcionará a contento para a população com os ônibus circulando. Nossa cobrança aos empresários é nesse sentido. Dizemos: ‘a gente quer que o cidadão seja atendido. Então, dêem seu jeito, negocie com os trabalhadores, encontrem uma solução. A população não pode ser penalizada pela briga de vocês’.

E quanto ao impasse dos dois sindicatos?

Para que o sistema volte, estamos atuando nesse campo, também. Para ficar explicado: ontem, haveria uma audiência na Justiça do Trabalho, para determinar a legitimidade de um dos dois sindicatos nessa questão. Não houve a audiência, e o processo foi mandado para Salvador. Ao mesmo tempo, desde a semana passada, o Ministério do Trabalho já havia pedido que se esperasse a audiência de ontem e, caso não houvesse acordo, uma nova audiência seria realizada amanhã (sexta-feira), no Ministério Público do Trabalho, com a sua (do MTE) participação. O que estamos fazendo é tentar, junto ao MPT, adiantar essa audiência que está marcada para amanhã, para que seja realizada hoje. Assim, quem sabe, possamos ter uma solução para essa greve.

Quem participaria dessa audiência?

Empresários, rodoviários – de todos os sindicatos -, Ministério do Trabalho e prefeitura. Mas, só para reforçar, vamos intermediar essa negociação, de trabalhadores e empresários, assim que houver a definição das partes.