Envolvido em um esquema de resgate fraudulento de créditos de royalties da indústria da mineração, o pastor Silas Malafaia, um dos maiores opositores do PT e do "comunismo generalizado" que só ele e fanáticos quetais enxergam no Brasil atual, foi alvo de um mandado de condução coercitiva hoje, na Operação Timóteo, realizada pela Polícia Federal em várias cidades. Ele é suspeito de "emprestar" contas bancárias para lavar o dinheiro do esquema. O líder religioso estava em São Paulo, e os policiais cisitaram sua casa no Rio de Janeiro – portanto, não encontraram, mas ele garantiu que se apresentará (veja Outro lado).

Certamente ele vai dizer que se trata de obra do diabo, como sempre faz com tudo o que lhe confronta enquanto cidadão. Não é. Levar ao campo espiritual o que é estritamente material é uma estratégia do novo pentecostalismo e dos seguidores da teologia da prosperidade que essa turma prega.

O esquema do qual Malafaia é suspeito de fazer parte envolve informações privilegiadas e uma "jurisprudência" fraudulenta utilizada por escritórios de advocacia para ganhar, na justiça, os direitos creditícios dos royalties que empresas de mineração devem a munucípios Brasil a fora.

"As provas recolhidas pelas equipes policiais devem detalhar como funcionava um esquema em que um Diretor do Departamento Nacional de Produção Mineral detentor de informações privilegiadas a respeito de dívidas de royalties oferecia os serviços de dois escritórios de advocacia e uma empresa de consultoria a municípios com créditos de CFEM junto a empresas de exploração mineral.

Em 2015, os valores recolhidos a título de CFEM chegaram a quase R$ 1,6 Bilhão.

De acordo com a Polícia Federal, o esquema se dividia em ao menos 4 grandes núcleos: o núcleo captador, formado por um Diretor do DNPM e sua mulher, realizava a captação de prefeitos interessados em ingressar no esquema; o núcleo operacional, composto por escritórios de advocacia e uma empresa de consultoria em nome da esposa do Diretor do DNPM, que repassava valores indevidos a agentes públicos; o núcleo político, formado por agentes políticos e servidores públicos responsáveis pela contratação dos escritórios de advocacia integrantes do esquema; e o núcleo colaborador, que se responsabilizava por auxiliar na ocultação e dissimulação do dinheiro", publica o Estadão (reproduzido via DCM).

Outro lado

Em sua conta no Twitter, Malafaia se manifestou e se disse indignado. Afirmou que poderia ter sido "convidado" a depor, em vez de ser obrigado. Garantiu que vai se apresentar. Em sua defesa, disse que recebeu de um advogado – outro pastor – uma oferta de R$ 100 mil, e que não tem como conferir a origem de uma oferta. "Recebo inúmeras ofertas, e as declaro ao Imposto de Renda".

Ofertas de R$ 100 mil. Então, tá.