Estamos vendo nesses dias que correm a delineação do futuro de Itabuna, com a criação e a implantação da Comissão Especial de Inquérito que pretende investigar desmandos no Poder Legislativo. E como esse futuro delineado se apresenta, pelo menos aos olhos desse blogueiro? Em duas palavras: uma orgia administrativa.

Comecemos pelo começo: qual o objetivo real da CEI? Nenhum outro, senão aniquilar o vereador Roberto de Souza, a voz mais temida da oposição pelo governo Azevedo. Estranho dizer isso de um vereador do PR, quando temos, naquela Casa, parlamentares do PT, PCdoB e PSB, muito mais à esquerda do que o Partido da República, de Souza. Mas, fazer o quê?

Podem perguntar, sei que a curiosidade nesse momento é grande: estaria o blogueiro contra a investigação de denúncias de rapinagem na Câmara? Da forma como a coisa foi montada, nos gabinetes de um certo vereador e de um certo advogado e secretário de fazendas, sim.

Mas, o que pode vir a tiracolo desse futuro tenebroso, que pode ser efetivado por essa CEI? Ora: o fim da oposição, cavalheiros! Se essa CEI, montada e controlada pelo Executivo para investigar o Legislativo atinge seu (verdadeiro) objetivo, a aniquilação da oposição, o resultado será desastroso para a população.

Exemplos, exemplos, caro blogueiro – sei que já clamam, a essa altura.

Dou-lhes um: a "revitalização" da avenida do Ciquentenário, contra tudo e contra todos, foi executada na marra, no queixo de laje, de um secretário – lembrem-se que o prefeito nem se pronunciava tanto -, apesar dos gritos da oposição e da população. Agora, imaginem se o jogo fosse de um time só, qual não teria sido o resultado?

Muito pior, não? Exemplos: rampas de acessibilidade tiveram que ser construídas, o piso tátil foi denunciado por diversas vezes na própria Câmara, entidades foram consultadas e puderam expressar suas opiniões, enfim, o debate foi aberto.

Sem essas vozes e esses olhos em cima da obra, talvez estivéssemos aqui lamentando desvios, desmandos e… rapinagem. Não que as fiscalizações devam ser esquecidas, até porque não se viram , até aqui, as contas da obra – saudade do tempo em que vereador fuçava contas do Executivo no TCM. Como dizia, as investigações devem ser intensificadas! Mas somente serão, sabemos, se tivermos oposição.

Não há democracia sem o contraditório! Esse alerta deve ser absorvido pelo próprio governo que,  caso leve adiante a política do "quem não está comigo, está contra mim", corre o risco de descambar de vez, como dissemos acima, numa verdadeira orgia administrativa – olhe que já está se transformando em um mènage a trois: um planeja, outro chafurda e o terceiro financia.

Mas e o problema da rapinagem na Câmara? Digo e repito: aquilo é caso para investigações exteriores. Coisa para Ministério Público e acompanhamento da nossa OAB. Já não é um caso político, uma quebra de decoro, uma denúncia externa. A denúncia é interna e partiu de um dos beneficiados do esquema e um dos maiores interessados no caso – principalmente em se livrar da degola.

Ô, cidade, o que fizeram de ti, centenária mãe?…

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Para finalizar, deixo um tópico para reflexão: depois do Centenário, já é possível notar um leve aumento da frota de carrões de luxo na cidade. Pajeros… e outros. Mobilidade social é isso.