censuraO jornal Agora chegou hoje às bancas denunciando atitudes arbitrárias da Polícia Civil de Itabuna, que anunciou censura oficial à publicação. A atitude inaceitável do comando da Civil em Itabuna se deve a um artigo do dono do diário, o jornalista José Adervan de Oliveira, que denuncia a insegurança reinante na cidade.

Na verdade, o que mais incomodou os policiais foi o último parágrafo do artigo – veja íntegra abaixo – em que o jornalista fala da venda de armas à bandidagem promovda por policiais. Basta uma busca no Google para ver afirmativas semelhantes, de representantes do comando de corporações policiais, falando do mesmo assunto: há venda de armas de policiais para bandidos.

Depois de prenderem gente como o ex-delegado-coordenador da 6ª Corpin Nélis Araújo, acusado de atuar dos dois lados do crime, querem agora negar a existência da banda podre na polícia?

Leia o artigo que desencadeou a censura ao Agora:

Cidade insegura

Em que pese a afirmativa do governador Jaques Wagner de que houve queda acentuada no índice de violência em toda Bahia, o que se observa é exatamente o contrário e configura-se a inoperância das ações policiais no combate à criminalidade, assaltos à mão armada a cidadãos indefesos ou a empresas.

Itabuna, como de resto todo o Estado, é a terceira cidade do País onde os crimes contra jovens se avolumam, sem que as providências das Polícias Militar e Civil mostrem resultados e, a continuar assim, muito em breve atingiremos o patamar mais elevado dentre todos os municípios brasileiros.

A própria polícia não tem viaturas suficientes e nem meios para superar a bandidagem que impera na Bahia, com o auxílio da Justiça, que tem sido benevolente com os criminosos, ao libertá-los bem antes que a pena seja cumprida.

Por outro lado, para contribuir com o círculo vicioso, a juventude se mostra bastante participativa no auxílio à venda de drogas e robustece a receita dos traficantes que vêm se mostrando eficientes e eficazes quando se trata de atrair desempregados, de prestar assistência social às famílias no papel que deveria caber ao Estado e, mais do que tudo isso, inexistem projetos educacionais que contribuam com a juventude no sentido de sair e superar a triste caminhada em direção ao abismo.

Entretanto, mais do que tudo isso, o sistema policial tem revelado a própria inaptidão para o combate às drogas, em que pese todas as dicas que os bandidos disponibilizam. Os pontos de vendas são conhecidos e se sabe, de antemão, quem são os jovens eternamente viciados. Como na fábula dos três macaquinhos, a polícia não sabe, não vê e não ouve o clamor da sociedade, da mesma forma que se sabe quem são os maiores traficantes do País, por onde a droga circula desde a origem e as fronteiras continuam desguarnecidas, quando não protegidas pelo próprio sistema.

Os pequenos assaltos rendem recursos para a compra de crack ou qualquer outra droga. Todos sabem quais são os bairros mais procurados pelos bandidos e os atingidos são adolescentes que ousam andar por ruas dos bairros Castália, Jardim Vitória ou Góes Calmon, sujeitos a mortes trágicas e sem qualquer defesa. O objetivo é fazer dinheiro para adquirir as  mercadorias” proibidas. No entanto, a dúvida persiste: quem vai dar garantia de vida a estudantes que precisam se deslocar até suas escolas? É o mesmo que perguntar que vai oferecer educação de qualidade às pessoas de baixa renda ou quem vai colocar na mesa desses cidadãos de terceira categoria o pão nosso de cada dia para evitar suas frustrações e raivas que os levam ao perigoso caminho da marginalidade? Eis a questão.

De qualquer forma, cabe à Polícia Militar ou à Polícia Civil proteger o cidadão brasileiro. Quem sabe, um plano simples, de inteligência, para traçar os caminhos percorridos pelos marginais e que possa diminuir as rotas do crime com alguma antecedência. Mas, antes de mais nada, é bom lembrar que o brasileiro é quem paga a carga tributária mais elevada entre os países em desenvolvimento e não é justo que paguemos esse novo tributo com a vida de filhos, irmãos ou netos, pois o preço é bastante elevado, sobretudo quando se fala em desarmar o cidadão, enquanto os bandidos continuam armados e muitas vezes adquirem os revólveres das mãos dos próprios policiais. Nesse caso, solicitar proteção e planos de combate ao crime à polícia é como chover no molhado…