Adylson MachadoQuando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  

Adylson Machado

                                                                              

Dom Ceslau Stanula

Dom CeslauPerdeu a paciência o Bispo Diocesano Dom Ceslau, considerado um verdadeiro paradigma da paciência nossa de cada dia. Melhor que a espinafrada foi a excelente repercussão.

Ainda que apelando para São José, para não misturar as coisas terrenas com as Divinas.

Não será surpresa

No cantar de um passarinho a melodia financeira que poderia acalmar o A REGIÂO. Caso a vocação familiar herdada de Manuel Leal se mantenha na ordem do dia.

Difícil, para não dizer utópico, é pretender fazer jornalismo independente esperando compreensão e apoio do sistema.

BAND e o complexo intermodal

A matéria posta no Jornal da BAND de segunda 21 – com uma isenção que tem faltado ao Jornal Nacional da Globo quando trata do mesmo tema – para nós se destacou. E nos faz provocar em torno desse imensurável amor de defensores da Mata Atlântica, a ponto de pretenderem inviabilizar o complexo intermodal.

Causa espécie quando deles não se ouve uma só referência ao desastre causado pela CEPLAC nos anos 60 e 70 quando contrária ao plantio sob o sistema da cabruca. Essa forma de plantio – ainda que não seja a glorificação da preservação ambiental – em muito era superior ao processo então desenvolvido, que consistia em eliminar a mata nativa para que o cacau fosse sombreado com heritrina.

Deviam os senhores “defensores” da MA, contrários ao complexo intermodal, pelo menos dispor da grandeza de informar que o que se derrubou de mata é centenas ou milhares de vezes o que se pretende utilizar para o complexo.

Com um detalhe: enquanto a derrubada da MA para o cacau não gerou nada além da crise – assim que as burras dos 10% sobre a exportações deixaram de irrigar o complexo ceplaqueno – ferrovia, porto e aeroporto trazem a esperança de redenção para a região.

Quem diria

otto e kassabE o PSD – quem diria! – nasceu na Bahia. Anunciado PDB encontra em outra sigla sua melhor entonação e já surge com dono e cacique – o partido de Kassab. Não sabemos se mineira como aquele PSD alimentado por Getúlio, como sucessão ao coronelato agrário da República Velha aliado à burguesia urbana para contrapor-se ao trabalhismo por ele sedimentando no PTB, que formava com aquele o contexto de oposição à extrema direita conservadora e antinacional centrada na UDN, que sustentava o antigetulismo.

Mas, a destacar, a volúpia com que incensam a futura sigla, que já nasce vocacionada à adesão ao poder.

E com águias itabunenses buscando cadeiras.

Consequências

Sofrerão DEM e PSDB, principalmente, no momento sem rumo e em certa queda livre. Podendo tornar-se o grande contraponto ao PMDB na luta por “apoio” ao poder, o PSD buscará ocupar espaços, antes de alguns privilegiados.

Na Bahia, uma outra vítima: o PMDB de Gedel Vieira Lima.

Difícil de entender

Se tivéssemos que avaliar numa escala de 0 a 10 a vertente ideológica sob o prisma do radicalismo teríamos alguns petistas que aplaudiram a criação do PSD na ótica de radicais, por sua história de vida e de perseguições sofridas. Dentre eles o senador Walter Pinheiro.

O que demonstra como os tempos mudam: Kassab que fora malufista, aliado do PSDB e militante atual do PFL/DEM torna-se menina-dos-olhos da esquerda baiana.

Imaginemos como chocalham os ossos de Marighela e de Mário Alves. E tremer os vivos, como Fernando Santana.

Olha Roriz aí, minha gente!

Em singular momento de criação(?) de um novo partido político, ampliam-se notícias de que recursos do esquema Roriz beneficiou democratas (ACM Neto, Ônix Lorenzoni e o próprio Kassab), tucanos (Gustavo Fruet), pepessistas (Augusto Carvalho) e peemedebistas (Tadeu Filipelli).

Talvez aí o motivo de tanta exaltação à nova sigla. Já nasce concentrando financiamento de campanha. Daí porque muita gente de olho.

No fundo

Não tenhamos dúvida de que o PSD será abrigo de todos que não podem ficar longe do poder e que hoje estão distantes de quem detém a chave do cofre. De ruralista a comunista.

Alvíssaras para o “companheiro” Kassab  

João Manuel Afonso

Flagramos João Manuel na praça de alimentação do Jequitibá carregado de sanduíches americanos. Para quem admira o marxista, a conversão nos incomoda. Temos a certeza de que não abala as convicções do grande homem que é João Manuel, competente ex-Secretário de Finanças de Geraldo Simões no período 1993-1995.
Mas, o que não faz um avô pelos netos?

Jogo do bicho

Mais uma operação policial contra a secular contravenção idealizada pelo Barão de Drumond. Indagam os aficcionados por que agora. E os observadores, de olho no retorno das atividades.

O resto é dialetizar, aproveitando a linha desenvolvida por Hegel: tese – ação policial; antítese – retorno da atividade; síntese – ah, deixa prá lá!

Sem moral I

A visita de Barack Obama ao Brasil poderia ter se revestido de mais diplomacia política e menos de porta-voz de empresários. Não que negócios não devessem ser discutidos, mas não poderiam constituir-se na tônica da visita na dimensão que o foram.

Pedir emprego para americanos sugerindo contratações brasileiras de empresas deles para obras da Copa e das Olimpíadas mais parece agressão do que pires na mão. Afinal, a engenharia nacional é respeitada mundo afora e tem sido uma das alavancas do redescobrimento do Brasil no concerto da economia mundial, ajudando a tirar da miséria parcela significativa da população, chegada a esse extremo justamente por políticas recomendadas pelos EEUU.

Sem moral II

Teríamos reconhecido em Obama um estadista se aventasse a possibilidade de pedir desculpas pelos males causados à democracia brasileira, pelo menos na mais recente e ostensiva participação americana: o golpe de 1964.

Para não esquecer o que nos fizeram a nós e a America Latina, corremos a rever “Estado de Sítio”, de Costa Gavras.

Lição para ser sempre lembrada. Em memória dos que morreram a ainda se encontram insepultos.

Sem moral III

abuEm seu discurso em defesa da democracia para justificar mais um ataque a uma nação soberana – típica ação de xerife de faroeste trash – ainda que não defendamos regimes autoritários – como o fazem os próprios EEUUUU quando lhes interessa – poderia ter aproveitado a oportunidade e dado um belo exemplo (por sinal, promessa de campanha) e determinado o fechamento definitivo do centro de tortura de Guantánamo.

E para que não nos esqueçamos de quem são os EEUU em defesa dos direitos humanos dos outros, a retórica “humanitária” na ação de seus soldados registrada durante dedicada sessão/lição de direitos humanos em Abu Ghraib.

Repercussão I

Muitos dos que se debruçam sobre o que escrevinhamos comentaram sobre o artigo “Sinal dos Tempos Particulares” (O TROMBONE, de 20 de março), reconhecido pelas ponderações plenas de uma verdade que se impõe reconhecer. Particularmente, alguns consideraram e reafirmaram a idéia de que a derrota de Juçara em 2008 se devera ao marketing.

Sob esse prisma caberia lembrar – para inserção das lembranças na crítica sobre o passado – a atuação do marketing na reeleição de Geraldo Simões em 2004, quando a campanha de Fernando, utilizando-se da não-percepção do povo sobre o que ocorria de avanços na Saúde de Itabuna com a gestão plena e a instalação de equipamentos e sistemas de administração que levariam a uma considerável melhora no atendimento, atacou o processo em implantação e jogou no imaginário da população que melhor seria o retorno dos “carrinhos da saúde”.

Os que pensavam a campanha de Geraldo não perceberam o que ocorria e deixaram-se empolgar por difundir uma propaganda virtual, de repercussão remota, mostrando as indústrias que acorreriam à Itabuna em decorrência da implantação de um ponto de distribuição de gás em Itabuna também divisado de um helicóptero.

Repercussão II

Facilmente podia-se perceber que o imediato era emprego e saúde – o que propunha Fernando – e não o emprego num lapso de tempo em muito adiante – tanto que até hoje, sete anos depois, o parque industrial ainda não chegou.

Claro que a derrota de GS não pode ser tributada somente a isso. Temos – e disso foi ele avisado (e não escutou) a partir de dados de fonte fidedigna – que uma fraude eleitoral se implantara e consumaria a vitória de Fernando.

Sem esquecer outros erros como aquele que ficou famoso como “PT do tapetão”, dado de bandeja a FG quando GS o ultrapassava nas pesquisas, assim que se iniciara a campanha no rádio e na televisão.

Mas, se os companheiros tiverem que culpar derrota ao marketing de campanha eleitoral tanto 2008 como 2004 estão no mesmo saco.

Mas, cá para nós, depender só de marketing deixa a desejar.

Água I

Até 2025 precisaríamos investir 70 bilhões para evitar a escassez de água. O desperdício alcança pelo menos 40% da água consumida. O precioso líquido será escasso ou falto em 55% dos municípios brasileiros em 2015. Os dados do caos são da Agência Nacional de Águas.

No entanto deixamos de recorrer a ações baratas e imediatas, como a cobertura vegetal das nascentes. Por que não investir no reflorestamento das cabeceiras e dos mananciais?

Se agirmos assim, já em 2015 teríamos resultados alvissareiros.

Água II

Sob outro prisma é não aceitar a discussão pelo critério da oportunidade de negócios e de lucro. O acesso à água deve integrar o universo dos direitos naturais – como a vida e a liberdade – e não como mercadoria em balcão de escambo.

Não é à toa que sempre em evidência a privatização dos sistemas de captação e distribuição de água como saída para a crise anunciada.

Talvez aí resida a dificuldade em priorizar o reflorestamento de cabeceiras e mananciais. A crise dá dinheiro, a solução não.

“Aviso ao navegante”

A propósito da emblemática nota publicada neste O TROMBONE na segunda 21, e considerando a sede com que atores da classe política estão indo ao pote, poderíamos, sem medo de errar, pluralizar o título para AVISO AOS NAVEGANTES.

O detalhe fica por conta do tamanho do barco para conduzir tantos “marinheiros”, alguns de primeira viagem, correndo o risco de ser a última.

Sob fogo cerrado

coligaçõesAs coligações nas eleições proporcionais (deputados federais, estaduais e distritais e vereadores) estão sob fogo cerrado. A manter-se a linha de pensamento aprovada na Comissão Especial da Reforma Política do Senado no último dia 22, que elabora anteprojeto de lei para o desiderato, está com dias contados.

Tendo se tornado um instrumento de negociata política – que alimenta da eleição de quem não teve votos a horário em televisão – encontram-se sob baterias anti-aéreas de longo alcance: Roberto Requião, Itamar Franco, Humberto Costa, Aloysio Nunes e Lídice da Mata entre elas. Detalhes em http://www.senado.gov.br/noticias/

Aguardemos as reações, inclusive do PCdoB, que sempre soube muito bem usar o sistema.

Preocupações I

gs e lvAo que parece demonstrar, o deputado Geraldo Simões percebe que depende do PMDB para viabilizar sua proposta política para as eleições municipais. A tônica nestes dias é sua amizade com Lúcio Vieira Lima, que seria o interlocutor com o partido, a partir do alto, como sinaliza em entrevistas.

Até mesmo uma foto, no fundo de um plenário vazio, mais para elaborado marketing, está sendo divulgada, flagrante missa encomendada.

Como naquela fábula do gato que estava arrasando a geração dos ratos e diante de uma aplaudida sugestão – em assembleia dos que se viam em estágio de extinção – de que fosse posto um guizo no gato para alertá-los da aproximação felina, de logo enfraquecida pela experiência anciã que liquidou a proposta com um simples “quem vai por o guizo?”, não custa indagar se o “gato” do PMDB baiano concorda.

O nome do gato, até prova em contrário: Gedel Vieira Lima. Sem falar que um outro também terá que ser consultado: Fernando Gomes.

Preocupações II

Como escrevemos (Sinal dos Tempos Particulares, O TROMBONE de 20 de março) evidente que as movimentações de GS têm repercussão apenas na província itabunense, visto que não poderão afetar o projeto de poder do PT baiano.

Nesse particular não custa também verificar como andam as relações do “gato” com o Governador Jaques Wagner.

Por trás de tudo certamente as dificuldades que Geraldo enfrentará com históricos aliados.

Preocupações à deriva

A não ser que a conquista de uma das diretorias da Caixa Econômica Federal por Gedel Vieira Lima mais seja por tributo da intervenção de Wagner do que pela de Michel Temer.

Não é anedota IV

Mais uma etapa da série de nomes de novas agremiações religiosas, surgidas para o mundo só em 2010: Igreja Evangélica do Pastor Andrade, o Homem Que Vive Sem Pecados; Igreja Pentecostal do Fogo Azul; Igreja Evangélica Branca de Neve; Igreja Palma da Mão de Cristo; Igreja da Pomba Branca.

Ainda há repertório. Continua na próxima semana.  

Jessier Quirino

A fornalha nordestina não descura de ofertar ao Brasil artistas puros, essências vivas de uma cultura que alimenta a qualidade do que se realiza neste país. Aqui, uma das vertentes dessa dimensão cultural, na poesia recitada através de um dos mais ricos criadores e personagens desses tempos: Jessier Quirino e sua “O matuto no cinema”.

______________

Cantinho do ABC da NoiteCaboco

Instaurada a “semana inglesa”, o aluno chegou cumprimentando um e outro, ampliando prosa aqui e acolá, apertando mãos e distribuindo abraços. Distraído se volta para Cabôco:

– Já serviu a minha, Cabôco?

– Por acaso sou Mãe Dinah para adivinhar qual a bebida ou o sabor que você quer?

_________________

Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de “Amendoeiras de outono” e ” O ABC do Cabôco”, editados pela Via Litterarum