Domingos Matos

domingosQuerem transformar Itabuna num estado policial. Mais que isso, num estado militarizado, com tudo de ruim que o militarismo nos mostrou quando de sua nefasta ditadura no país.

Acreditam alguns “baixas patentes”, que é necessário e vital manter o controle dos adversários políticos e dos que podem, de alguma forma, influir na vida cotidiana do município. Jornalistas incluídos.

A nova sociedade não aceita. Não sabemos o que pensam as velhas oligarquias, mas, pelas representações que mantêm junto aos novos operadores da grampolândia grapiúna, parecem esperar, por esses meios, manter um status quo que imaginam existir, mas já virou nuvem faz tempo.

Que saibam desde já: Itabuna não tem vocação para esse jogo sujo. Queremos discutir avanços sociais, novas representações, fugir do mundo de faz-de-conta da velha cultura. Gostaríamos de contar com todas as instituições, mas nossas pretensões se deparam, na “porta” das três principais, com um aviso curioso: Sorria – você está sendo grampeado.

Estamos todos grampeados, de uma forma ou de outra, e o caso do jornalista Ederivaldo Benedito é só a face mais suave do problema.

A origem dessa vontade de Grande Irmão, aquele que tudo vê, tudo ouve, tudo sabe – pelo menos a sua radicalização – remonta ao início do atual governo, quando da criação de um aparato de ‘inteligência’ no seio da administração. Típico ovo de cobra, que à época foi tratado até com galhofa, mas que gerou filhotes terríveis.

Alguém duvida que essa vontade de um estado militarizado em Itabuna tenha se espalhado por outras instituições? O que se vê hoje em nossa cidade é tudo aquilo que pensávamos ter superado.

De nosso lado, continuaremos nos levantando toda e qualquer tentativa de invasão ilegal da privacidade de qualquer cidadão, seja ele político, jornalista, funcionário público ou autoridades constituídas.

Queremos contar com o apoio, pelo menos, de nossos pares. Que não aceitemos passivamente essa universalização da espionagem em nossa sociedade. A privacidade é a última fronteira a resguardar nossa individualidade.

Pensemos nisso.

Domingos Matos é editor d’O Trombone e do Jornal Agora