AdylsonQuando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  

Adylson Machado

                                                                              

Região Metropolitana

Iniciada a discussão em torno da criação da Região Metropolitana de Ilhéus e Itabuna. Pontapé dado com a realização do Fórum no dia 8, na FTC (comentado na edição passada). A iniciativa da AMITABUNA e da AMURC (organizadores do evento) colhe assinaturas no documento elaborado a partir do Fórum e lido ao final, para encaminhá-lo ao Governador Jacques Wagner.

Disponibilizamos a íntegra da histórica “CARTA DE ITABUNA

Evitar erros

O IBGE vem destacando o processo de inversão na migração interna no Brasil. O Sudeste, com São Paulo à frente, já não recebe tantos nordestinos como antes e tende fazê-los emigrar para suas regiões de origem.

O tema, pela importância e vinculação com o planejamento e gestão de uma Região Metropolitana, foi objeto de atenção da Professora Maria Adélia no Fórum acima referido, quando – criticando a instalação da RM de São Paulo ao arrepio da orientação técnica – afirmou que a solução para o caos em que se torna a capital paulista é o Brasil como todo receber as gentes que para lá acorrreram no passado. Ou seja, inversão no tradicional fluxo migratório.

Para os que esperamos criar e instalar uma Região Metropolitana – imperiosa necessidade – cabe-nos pensá-la de forma a evitar ditos erros.

Desta forma, não podemos imaginar nossa RM como ponto de convergência para concentração populacional urbana.

Não podemos esquecer

A série especial da semana que passou no Jornal da Band destacou o estado em que se encontra a reserva Raposa Serra do Sol. Dispensando analisar a razão por que da série, a inserção do tema é positiva e sempre oportuna, considerando os desdobramentos em futuro não tão distante e repercussão na própria soberania nacional.

Faltou indagar aos estrangeiros que sempre a defenderam na forma como está. Para eles uma verdadeira festa, “reservar” minérios nobres, das escassas “terras raras”, para controle, assim que conseguirem a independência da “nação yanomani”, que nunca existiu, inventada a partir do final dos anos 60 e início dos 70.

A demarcação contínua é um fato imperdoável. Lula a subscreveu. Crime de lesa Pátria.

Mídia calada

Israelenses e palestinos unidos – repita-se, judeus e palestinos – na sexta 25, em mobilização pela criação do estado Palestino, tendo como capital a parte oriental de Jerusalém. Detalhes em www.advico.com.br (A manifestação pró-independência palestina), desta sexta.

Não vimos referência na grande imprensa, escrita e televisada.

Premiação

Justiça manda Luiz Estevão devolver 55 milhões do TRT de São Paulo. Da dívida atualizada (mais de 930 milhões) são cerca de 6%. E ainda cabe recurso. O escândalo que levou à prisão o Juiz Nicolau, alcunhado “Lalau”, desviou 170 milhões nos anos 90.

E a Advocacia Geral da União se jacta de alcançar o maior recolhimento do gênero. Com um detalhe, os recursos já estavam bloqueados, parte deles oriunda de alugueres pagos pela União a Estevão. Apenas foram liberados.

Como se vê, roubar o povo é um grande negócio, Paga-se, quando nossa jabútica Justiça (atenção dicionaristas!) o determina, com pequena parcela dos rendimentos alcançados pela maracutaia, inclusive do próprio governo.

É lindo viver!

Preocupações no horizonte

Antes o Dia da Mulher. E já temos o Dia do Homem, 15 de julho.

É a “espécie” querendo se proteger. Ou da mulher ou… 

Simbólico

obamaNo instante em que o “sub-do-sub” chinês – como o diz Paulo Henrique Amorim, referindo-se ao Hong Lei, Ministro das Relações Exteriores da China, maior investidor em títulos do Governo americano – chama os EEUU às falas diante da ameaça de calote, vem a calhar a foto abaixo, para quem está recebendo um pito daqueles.

Memória

Quando a Cultura em nossa terra passa por uma de suas piores crises, tornada instrumento de projetos e vaidades pessoais no estamento dirigente, não custa lembrar de uma experiência jornalística à qual faltou o apoio minimamente necessário: O Jornal Literário ABXZ-Caminho das Letras.

Que seja verdade e continue

Ao que parece está sendo passado o “trator” no Ministério dos Transportes. Um funcionário-fantasma, Frederico Dias (e a mulher empreiteira, prestando serviços ao governo), levou ao afastamento do diretor-executivo do DNIT, Henrique Sadok de Sá, segunda pessoa de Pagot – aquele que “recebia”. Tende a juntar-se ao próprio Pagot, Luiz Tito, Mauro Barbosa, “Juquinha” da Valec, já que a caneta do atual Ministro afastou a figura. Se a lavagem for geral – o que esperamos – a utopia passa a ser punição às empreiteiras. Aí, é outra história.

Mas pode ser alerta.

A cara

A efetivação do interino no Ministério dos Transportes constitui-se, talvez, a grande cartada do estilo Dilma na composição do governo: um técnico para função técnica, vinculado a partido político. O PR chiará por perder um político no lugar do técnico, o que assegura – pelo menos assim demonstrava – garantia de recursos para campanhas eleitorais, uma regra geral neste País de São Saruê – para lembrar os crimes e mazelas todas metaforizados em outros formatos na celulose por Vladimir Carvalho.

Paulo Sérgio Passos – para gáudio do ufanismo baiano – está Ministro dos Transportes.

Para a plateia

As tratativas para arrumação dos fatos, depois que a Presidente Dilma bateu o martelo no Ministério dos Transportes, parece reviver um típico teatro do absurdo, com fatos a alimentarem um texto de fazer inveja a Beckett e Arrabal.

Andam falando que o Pagot não foi defenestrado; apenas havia saído de férias.

Como é homem de muitos segredos pode mesmo continuar.

É aí que reside o absurdo.

Novos astros

O Centro de Cultura Adonias Filho se transforma em espaço para cães e gatos. Não se trata de “personagens” em espetáculos, o que seria natural, mas dos animais de Aldo Bastos (indicação de Geraldo Simões) ali aninhados e alimentados, que interferem nas apresentações em novo formato de crítica teatral: latidos e miados.

Há, ainda, as estranhas “indicações” de Aldo para contratações pelas terceirizadas, ocupando o lugar de quem já trabalha há anos.

Êta, Itabuna!

O sonho de Magela

O Secretário de Saúde de Itabuna, trazido à corte como solução milagrosa, ameaça o Governo do Estado de quem se dizia ser amigo na pessoa do secretário Jorge Solla.

Magela não conseguiu desatar o maior nó górdio da saúde municipal, a gestão de recursos do Hospital de Base. Nas discussões, a ampliação de repasses financeiros pelo Estado é o mantra.

O Estado, com apoio no Conselho Municipal de Saúde, argumenta que ocorre exagerado gasto com comissionados no HBLEM, a demonstrar a ausência de gestão, leia-se, controle.

O milagreiro Magela espera contar com recursos diretamente enviados pelo Governo Federal. Mantendo a gestão.

Ainda o ativismo

ativismoA foto mostra uma das mobilizações contra uma empresa de transportes regional, que nos parece em muito alimentadas (as mobilizações) na errônea interpretação da lei ofertada pelo Ministério Público através de uma “Recomendação”. (Ver DE RODAPÉS E DE ACHADOS de 3 julho – Ativismo I, II, III e IV – e Ativismo, de 10).

Se levarmos em conta a decisão da Justiça local, publicada no dia 11 – que arquivou a ação intentada – a atuação do MP estará nos limites tão só do ativismo.

O que pode aprofundar a preocupação de que, no caso, se torne mesmo “espingarda de Satanás”.

Raimundo Vieira, o pacificador

caixãoPor sua atuação na aproximação e confluência de interesses para unir Fernando Gomes e Geraldo Simões, Raimundo Vieira se torna a figura mais exponencial da vida política itabunense no momento. Seu papel singular exige melhor avaliação dos que acompanham o que está ocorrendo na sucessão de 2012.

A solidariedade e confiança de FG fazem-no a pessoa indicada para qualquer contato com o ex-prefeito. Como o percebeu Geraldo Simões.

Ainda que não viabilizado o que podia antes ser considerado cruzamento de jacaré com cobra d’água a atuação de Raimundo Vieira pelo menos abriu as portas para a redução dos atritos entre ambos.

Típica pacificação do “Rondon” grapiúna.

Os interesses

interessesSe levarmos em conta a visão de que construção de alianças políticas pode definir o resultado das eleições municipais e considerando que Geraldo Simões evidentemente tem assumido a dianteira na busca de uma coligação a partir das lideranças nacionais estamos fadados ao “voto de cabresto”, tão utilizado com o “bico de pena” da República Velha.

Claro que não podemos desconhecer que as eleições contemporâneas muito dependem do tempo disponível em rádio e televisão, razão por que quanto maior o leque de alianças mais minutos de propaganda partidária.

Partindo dessa premissa – o tempo no rádio e na televisão – também podemos abstrair que a eleição se torna um processo muito mais de massificação que de convencimento através de propostas.

E não descartemos o que representa o dinheiro nestas “democráticas” eleições.

Este, para nós, o que pesa mais!

Marina

Marina, com seus quase 20 milhões de votos, não sensibilizou o PV. E sai por não conseguir implantar o seu “sonho” partidário.

Como já escrevemos, não vemos caminho e futuro para Marina Silva a não ser como “inocente útil”, quando necessário alguém para tirar votos da esquerda, como o foi a “brilhante e combativa” Heloisa Helena.

Entendendo

Como os políticos não abrem seus corações à patuléia a especulação é caminho para encontrar justificativas para atitudes tomadas por cabeças coroadas. Daí a indagação: o que leva Geraldo Simões a propor aliança com Fernando Gomes? Se estivesse em posição cômoda o faria? Já refletimos neste espaço que dita aliança atende interesses de ambos. Mas, GS a admitiria se estivesse em patamar de tranqüilidade junto aos correligionários?

Temos que é sinal de que não anda lá bem das pernas a situação de Geraldo junto ao Governador Jacques Wagner. O novo formato da distribuição de cargos do Governo Estadual tem-no feito sacrificar quadros de sua inteira confiança, perdendo-os para outros partidos da base do governo.

Sem cargos não se faz política. São a cabeça de ponte do político, seja-o diretamente – assegurando a fidelidade do companheiro com um cargo público – seja-o indiretamente, fazendo-o cabo eleitoral através das ações que desenvolva. Afinal aquele tradicional “sou amigo do deputado” continua a prevalecer.

Entendendo melhor

Geraldo deixa claro que quer assegurar um meio através do qual enfrente o governo que o “desprestigia”. Para tanto, a formação de uma aliança ampla lhe asseguraria a indicação de Juçara, já que, detendo o controle do PT local, só sai candidato quem ele sacramentar.

Circulam falas de que o Governador o quer na disputa. GS tem projetos pessoais. Aprendeu segredos do poder nestes últimos anos. Pessoalmente mais interessa a manutenção de espaço na Câmara dos Deputados que assumir uma Prefeitura desgastada financeiramente, que estourou os grandes projetos por ele planejados. Ou seja, teria que começar tudo de novo. Com o risco de, depois de arrumada a casa, perder para outro desarrumador.

Difícil é tornar suas razões compreendidas pelo eleitorado.

Desencanto dá nisso

Nesse sentido Itabuna o desencantou. E assim, só teria a utilidade de assegurar-lhe uma parcela de votos para manter vaga na Câmara Federal, uma espécie de Félix Mendonça pai, que nunca perdeu sua cota em Itabuna. Alianças lhe assegurariam votos Bahia a fora, através dos Jota Carlos e Rosemberg Pinto.

E para isso Fernando Gomes pode ser imprescindível.

Serra abaixo

demoPara demonstrar quão dinâmica é a política, sob a ótica dos partidos em relação ao poder, a foto dispensa comentários. Com presenças ilustres (apenas duas) o DEM de Itabuna hoje tem dificuldade de ocupar uma carroceria de picape. Se a foto abrisse a angular permitiria compreender porque aquele foguetório tradicional foi tão mixuruca.

Brasileiros mundo a fora

Um, cantor e compositor. Baiano de Itapebi, lá das margens do Córrego do Jundiá, fixado em Nanuque, Xangai traduz essa força singular que é a musicalidade nordestina. Ouvi-lo é melhor que biografá-lo. Aqui, “Estampas Eucalol”, uma lembrança da infância dos de nossa idade.

Outro, universal. Ainda que o intérprete seja John Williams (nesse espaço, com “Concierto de Aranjuez”, no dia 3 de julho) o brasileiro Heitor Villa-Lobos e seu primeiro dos “12 Estudos Para Violão”.

Para entender quão ilimitada é a música e a gente brasileiras.

Cantinho do ABC da Noite

cabocoOutro destes sábados para os “paroquianos” do ABC. Conversa vai, conversa vem. Sai um, entra outro. Batida saltando do frízer para o bucho da moçada, até que o valor de chás, como medicamento, ocupou e dominou o espaço. Citado um tipo, outro e mais outro. Não tardou alguém definir:

– Lá em casa não falta capim-santo.

– Dez anos desse chá, Cabôco, garante lugar no Paraíso – sinalizou o filósofo do Beco. Basta comunicar ao Papa e terá a canonização garantida.

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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de “Amendoeiras de outono” e ” O ABC do Cabôco”, editados pela Via Litterarum

(republicação, por erro no sistema)