AdylsonQuando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  

Adylson Machado

                                                                              

Resquícios

Há dias o assunto gira em torno dos 10 anos do 11 de setembro (de 2001). Tende, tamanha a ênfase dada ao evento uma década depois, tornar-se o “dia do sacrifício mundial”. Diante da efetiva crise por que passa o antes todo poderoso Tio Sam, não tardará o grande irmão pedir/exigir uma contribuição financeira do planeta para as comemorações.

No entanto, não há que se duvidar: os americanos, que tanto fizeram aos outros mundo afora, viverão o resto de seus dias com o fantasma de um atentado que ocorreu nas suas entranhas, inimaginável naquelas proporções.

E essa paranóia se fará presente nas futuras gerações.

Outras lembranças

Nem mesmo cuidemos de lembrar as recentes violações estadunidenses aos direitos da Humanidade, “justificados” pelo fatídico 11 de setembro, como a morte de civis no Afeganistão e no Iraque, em decorrência da “guerra contra o terror. Tampouco Abu Gihad ou Guatânamo.

Mas, bem que poderíamos também lembrar dos 300 mil de Hiroshima e Nagasaki e de outros milhares do Vietnã, sob a suave delicadeza de bombas atômicas e do napalm.

Por quê

EEUUA indagação elementar: o que faz tão odiado o que antes se dizia pátria da Liberdade? Reler Mauro Santayana (AQUI ),  em texto do Jornal do Brasil – A Hora do Medo – de 12 de setembro de 2001, reaviva uma memória que não pode ser ofuscada pela propaganda estadunidense, de tornar-se exclusiva vítima.

Certo que não faltará a solidariedade tupiniquim, com brasileiros despejando dólares em visita ao memorial criado no local onde existiram as torres. Uma ajuda à combalida economia americana.

O marketing de Tio Sam agradece!

Recorrente

Em contrapartida, a bondade estadunidense acaba de agradecer ao mundo as condolências pelo 11 de setembro com um “gesto magnânimo”: vetará a Palestina como integrante plena da ONU. (Detalhes em www.advivo.com.br – “EUA vetarão Palestina na ONU” – de 9 de setembro).

A arrogância continua, gerando ódio. Todos sabem que a paz mundial, inclusive a denominada luta contra o terrorismo, passa pela independência do Estado Palestino, hoje ocupado por colônias judaicas, vivendo típico genocídio.

Não há pedido de paz de Roberto Carlos que dê jeito sem apoio dos Estados Unidos.

A indústria bélica agradece!

Enquanto isso

FOMETrilhões de dólares gastos em guerras e matanças. Para atender interesses da indústria bélica, principalmente. E não se tem dinheiro para matar a fome no chifre da África. A Somália como exemplo desta tragédia, com quase um milhão aguardando a morte por inanição nos próximos meses.

Falta possibilidade para fazer chegar ajuda humanitária. Que estaria bloqueada pela ação de grupos tribais em conflito interno. Para isso não existe ONU para determinar intervenção nem bombardeio. Talvez se na Somália houvesse petróleo há muito teriam invadido. Como na Líbia.

Futuro

O Partido dos Trabalhadores encerrou seu Quarto Congresso. Evidentemente a consolidação de propostas políticas amadurecidas em sua experiência. Não se negue o óbvio: no universo do trabalhismo mundial o PT se tornou um dos principais partidos de esquerda. No plano nacional o mais arrojado projeto partidário nestas últimas três décadas. Do PP de Tancredo Neves ao PSD de Kassab é o PT o de maior envergadura e, inegavelmente, o grande fenômeno político e cultural indissociável da história recente do Brasil.

Seu trabalho, materializado nas administrações inserem-no no imaginário da população, e eleitoralmente esfacela adversários clássicos que hoje lhe fazem oposição, como o PSDB, PPS e PFL/DEM.

Nasceu enfrentando a ordem, ainda em plena ditadura militar, mas não se negue que muito bem se adaptou ao pragmatismo político-eleitoral para conquistar e manter o poder.

Futuro certo

Somente se diluirá quando se agigantar sem suficiente base para suportá-la. Ou seja, sem a própria classe trabalhadora e sem o idealismo e compromisso que o fez nascer.

O que começa a acontecer. Basta ver as “conversões” da direita à esquerda, seja-o diretamente para o PT, seja-o na forma de alianças partidárias.

Caso não se torne um partido único nos moldes do PRI mexicano, igual aos outros se perderá no oceano da ocupação do poder para fins patrimonialistas.

E não precisará de outros trinta anos.

Grito dos novos excluídos

excleidosOs excluídos encontraram uma forma de levantar sua voz, fazendo-o dentro do tradicional 7 de Setembro, depois da realização do desfile oficial. Teve origem em ideário de esquerda, como meio de cobrar dos poderes ações em defesa de políticas públicas necessárias e sempre esquecidas. Em síntese, uma ação política em meio à manifestação cívica, fazendo a história e não simplesmente lembrando dela.

No desfile desta semana em Itabuna um singular sinal dos novos tempos para os excluídos, ou, quem sabe, dos novos excluídos, ou mesmo o fato de que as forças mudaram de lado.

A cobrança em torno da saúde, diretamente ao Governador Jaques Wagner, no entanto, nos pareceu coisa de alguém a serviço do DEM/governo municipal. Afinal, o problema da saúde não é só de natureza estadual, e mais da má gestão municipal.

Manipulações de costume

Muitos encontram em textos da grande imprensa (aquela que forma o PiG, de Paulo Henrique Amorim) o oráculo da verdade absoluta. E danam de repetir o escrito sem observar o texto original. É comum a desconstextualização de informações para atender à linha editorial ou ao sensacionalismo de alguns órgãos de imprensa.

Aconteceu com a matéria de O Estado de São Paulo (“Wikileaks divulga carta sobre corrupção no governo Lula”), a partir de texto divulgado pelo Wikileaks, vinculando a corrupção nas três esferas de governo exclusivamente ao governo Lula. (detalhes em “Nassif: Estadão adultera Wikileaks para atingir Lula”, em www.conversaafiada.com.br de 9 de setembro, a partir de “Wikileaks: carta do embaixador enfatiza colaboração com o Brasil”, em www.advivo.com.br do mesmo 9 de setembro).

Reproduções idem

Do texto da embaixada americana – observou André Borges Lopes – com 8057 toques, o Estadão traduziu os 77 toques da frase “Persistent and widespread corruption affects all three branches of government – que ao pé da letra diria “Corrupção persistente e generalizada afeta todos os três poderes do governo” – para incluir “governo Lula”, concentrando estes anos todos de República nos oito do ex-operário.

Da linha editorial de Veja, Istoé, O Globo, Estado de São Paulo, Folha de São Paulo esperamos tudo. Mas que ilustrados comentaristas reproduzam sem ler o original, isto sim, nos surpreende.

Especialmente quando dominam o inglês!

Papel difícil

Azevedo líder de oposição, falando duro. Não leva jeito. Não é da sua natureza. Nem para defender a reeleição.

Precisa ensaiar muito.

Azevedo bravo

Não é o jeito de Azevedo. Mormente brabeza externa. Seria orientação do PFL/DEM. Ordem superior.

Então está explicado!

Menina dos olhos

Inegável que Itabuna é hoje, para o PFL/DEM, a menina dos olhos que lhe resta dentre as grandes cidades onde fez prefeito. Para parlamentares torna-se fundamental mantê-la, sob pena de reduzir ainda mais a base eleitoral para 2014.

Jogo do PT

A observada reação de Azevedo, nesse instante, faz o jogo do PT itabunense, de torná-lo “inimigo” do Governador.

Retarda a duplicação da BR-415, do Paulo Souto a Nova Ferradas que, sabe o Prefeito, seria incluída no PAC por Jaques Wagner.

Bom de mandado

Por outro lado, a se ratificar a determinação superior (partidária) confirmado que só age sob “ordens”. Assim como o foi com Cyro de Mattos. Sempre teve tudo para exonerá-lo. Mas esperou a bórgia.

Moldura

Leitores nos provocam a ponderar em torno de algumas presenças na disputa sucessório-municipal, considerando o ingresso de tais nomes para a melhora do debate político. Temos que tais participações efetivamente abrem espaço no âmbito da imagem televisiva que publiciza as propostas.

Terão, no entanto, o mesmo efeito de moldura de um quadro. Acessório.

Se faltar assunto…

A gerente da DIREC-7, professora Miralva Moitinho, estava no palanque oficial no desfile de 7 de Setembro. Foi o que bastou para levantarem insinuações várias.

Esquecem-se que a dirigente é representante do governo estadual na Educação e lá estava como autoridade.

Ah! Não esquecer que desfile da Pátria não é palanque do prefeito de plantão.

Ainda presente

Da ópera Nabuco, de Verdi, trazemos ao leitor o belo “Va pensiero” – o Coro dos Escravos Hebreus. Composta em 1842, com libreto de Temistocle Solera, quando em curso a ocupação austríaca no norte da Itália. Despertou o sentimento nacionalista italiano e tornou-se música-símbolo da pátria peninsular.

Quando os Estados Unidos, reafirmando sua vocação contrária à Paz afirmam que vetarão o ingresso da nação Palestina na ONU, dedicamos a esses escravos de hoje aquela ópera, cujo tema trata dos escravos de ontem (Hebreus/Israel), opressores/algozes de hoje.

Cantinho do ABC da Noite

cabocoNaquela manhã sabática pareceu que todos os vendedores tomavam o Beco do Fuxico. Um deles entrou no ABC da Noite, braço levantado, destacando a mercadoria:

– Camarão pistola… camarão grande, freguês… camarão pistola!

Cabôco Alencar não dispensou a oportunidade:

– É bom, Cabôco – justificou – mas não tenho munição pra esse calibre.

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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de “Amendoeiras de outono” e ” O ABC do Cabôco”, editados pela Via Litterarum