Palestras, manifestações artísticas, apresentações de poemas e um batizado de Capoeira, o que resultou em momentos de puro orgulho racial e consciência de raça, de cor e de força. Este ano, a ação teve como tema orientador a presença negra na ciência, na política e nas artes, e homenageou negros que em vida se destacaram na luta contra o racismo. O evento ocorreu na terça-feira (29), no Núcleo de Ressocialização do Conjunto Penal de Itabuna.

A ação foi realizada em uma parceria do Conjunto Penal de Itabuna e da empresa Socializa, com o Colégio Estadual Adonias Filho. A celebração do Novembro Negro marcou a culminância dos projetos que foram desenvolvidos no segundo semestre na escola estadual da unidade, que trataram do combate ao racismo e a todas as formas de discriminação.

O evento contou com a participação das professoras e ativistas negras Maria Domingas Mateus de Jesus, que palestrou sobre a presença negra na ciência, e Tereza Cristina Soares de Sá, que realizou algumas apresentações artísticas de produções literárias de escritoras e escritores negros.

A presença das professoras no evento buscou destacar a importância das mulheres negras nos diversos cenários e contextos de combate à discriminação de raça e gênero.

Batizado

“A Capoeira é arte, é luta, é cultura, é educação, é resistência, é ressocialização”. Com esse discurso, o Mestre Goiaba, como é conhecido no mundo da arte marcial o monitor de ressocialização do Conjunto Penal de Itabuna Paulo Marcos abriu a cerimônia de batizado dos primeiros alunos do Projeto Capoeira para Sempre, desenvolvido com reeducandos do CPI.

Batizado de Capoeira em presídios é um evento raro. Ainda mais raro num contexto de celebração do Novembro Negro, numa grande roda em que se confundiam mestres, alunos graduados, iniciantes e plateia, formada por reeducandos, monitores, professores e estudantes. “Aqui, vimos uma atividade muito próxima daquilo que buscamos como caminho para a ressocialização”, afirmou o diretor do CPI, Bel Alecsandro Andrade Leal.Axé e acarajé

Além das apresentações das professoras Maria Domingas e Tereza Cristina, houve apresentação de produções literárias de autoria dos próprios estudantes internos, construídas durante as aulas de Ciências Humanas com os professores do Colégio Adonias Filho e no programa Remição Pela Leitura, aplicado pela professora Rute Praxedes dos Santos Korol.Participaram do evento o diretor do Colégio Estadual Adonias Filho, José dos Santos Junior; o diretor da Conjunto Penal de Itabuna Bel Alecsandro Leal, o diretor adjunto Bernardo Cerqueira Dutra; os gerentes administrativo e operacional da empresa Socializa, Yuri Damasceno e Weslen Luz.Para fechar o evento com sabor de axé, foi servido um lanche que alimentou corpos e almas – delicioso acarajé, elemento cultural da culinária africana que a Bahia reverencia como patrimônio imaterial.