Carlos Eduardo Sodré*

A história é a grande fonte alimentadora da verdade. Quando, hoje, o governador Rui Costa autoriza a deflagração da obra de duplicação da BR-415, trecho Ilhéus/Itabuna, impõe-se, a bem da verdade, o resgate do quê está por trás dessa importantíssima conquista.

Corria o ano de 1977. Governava a Bahia o Prof. Roberto Santos que experimentava, em Itabuna, mercê da célebre mesquinhez política que acompanha a vida de Itabuna desde priscas eras, oposição hostil dos mandatários locais. Como representante, aqui, do Governador e preocupado com a possibilidade de perdermos a chance de conseguirmos, para Itabuna, Ilhéus e a região, importantes obras de que tanto a nossa terra carecia, concebi um comitê informal das entidades representativas da comunidade local e, por esse conduto, levamos ao Chefe do executivo estadual, dentre outros, o pleito da obra de duplicação da rodovia Ilhéus-Itabuna, trecho inicial da BR-415, com a justificativa de que, além de aliviar o engarrafamento do seu tráfego em razão do movimento já intenso apurado, era o acesso fundamental ao porto de Ilhéus para as nossas riquezas, especialmente o cacau.

O governador Roberto Santos, sempre sensível aos nossos pleitos, determinou imediatos estudos cujo resultado, viera a lume no início de 1978 apontando para a plena viabilidade da obra. Sua Excelência tratou, então, de buscar que se elaborasse o projeto com vista ao equacionamento da construção. Mas, àquela altura, o governo militar já houvera escalado o mandatário que governaria a Bahia no período 79/83 o qual (impossível esquecer), de conhecido estilo prepotente e retaliador, já antecipara ao empresariado baiano dedicado ao ramo das obras públicas, a ameaça de que, os que aceitassem a encomenda de serviços do governo sainte, passariam literalmente "a pão e água" o quadriênio seguinte, já avisados portanto de que, no seu mandato, nada conseguiriam construir para o Estado da Bahia…

Ducha de água fria no nosso sonho; o Governador – que desejava aquinhoar a região com a necessária e importante obra – ficou de mãos atadas e o nosso povo 40 longos anos sem a obra tão necessária. Inevitável destacar que, em 2007, 2008, deve ser levado em conta, para que se entenda quanto padeceu o governa­dor Jaques Wagner quando, sem promessa de campanha nesse sentido, retirou o antigo pleito do "congelador" onde colocada pelo "regime" carlista, e trabalhou tenazmente para que a demanda pudesse ser atendida, tarefa que coube ao governador Rui Costa levar a cabo até transformar em realidade o nosso velho sonho que, agora, se materializa depois do extenuante trabalho que desenvolveu para que pudéssemos vislumbrar a vitória de sua realização.

Impossível, sublinhar – até para mostrar como politicamente a nossa região atua de forma tão incompetente que, nesses 40 anos transcorridos, durante 30, pelo menos, os que impediram a realização da obra ainda conseguiram que a região houvesse votado no malfeitor já falecido e nos seus apaniguados sucessores, obra da falta de siso das lideranças que, cultivando requintado puxa-saquismo por causa de interesses pessoais ou grupais não raro indecorosos, fizessem desta região um bastião de sua sustentação político-eleitoral, no estado, de tão malfadados e nocivos efeitos na vida do povo baiano e, em particular, de nossa região, sempre usada como massa de manobra.

Relembranças como esta são feitas para que a gente aprenda com o erro, para não errarmos mais. Até por que, esse tipo de erro invariavelmente tem um custo alto. E é um prejuízo irreparável pois, face a essa constatação, a quem cobrar a conta do castigo dessa espera de 40 anos de atraso para o atendimento dessa nossa necessidade essencial?

Bem, no futuro pleito, se algum herdeiro ou sucessor aparecer por aqui, suplicando votos, coloquemos essa conta na ponta do espeto da cobrança e façamos com que vá tocar a sua viola em outras freguesias…

Parabéns, Governador Rui ! A sua atuação em favor da nossa região, com a realização de grandes obras como vem fazendo, o credenciam a merecer o melhor de nossa gratidão.

Foi um castigo injusto, essa longa espera. Mas, vale repetir o sempiterno Castro Alves lembrando que "…toda noite tem aurora".

A nossa está chegando.

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*Carlos Eduardo Sodré é advogado

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