Neste 28 de dezembro, em 1961, a gente cantava e dançava pelas ruas, nas casas, na praça da Igreja do Bom Jesus de Itapé. Comemorávamos uma grande vitória: a emancipação do distrito fundado há 30 anos com o nome de Estreito d’Agua.

Fora uma luta bonita, motivamos o povo, unimos velhas e antagônicas lideranças, e fizemos brilhar no firmamento político-institucional da Bahia uma nova estrela.
Sessenta e dois anos depois, muitos erros e acertos, muita história bonita para contar, muitas vicissitudes, tragédias, alegrias, avanços e recuos.

Nesse meio de caminho perdemos muita gente boa, verdadeira, honrada, trabalhadora. Todos, homens de luta e vergonha.

Perdemos população, força produtiva, significação econômica. Ganhamos equipamentos de progresso e de vida civilizada, sinais de bem-estar, inobstante jos havermos conformado com a perda das lavouras de cacau, cereais e de subsistência, que a pecuária extensiva não compensou e, socialmente, nos fez regredir.

Infelizmente, não se cuida de debater essas agruras, como o faziam os homens de ora da Itapé de antigamente.

Sempre a municipalidade – desde o tempo do velho distrito- fez obras com os seus próprios recursos. Hoje, se fora o Estado, estaríamos sem nada a registrar pois os recursos se exaurem com os “cabides” e “beliches” que engarrafam os corredores de repartições onde trafega o parasitismo de honrosas e poucas exceções deis que são operosos e dedicados. Tudo por que dar o peixe é mais fácil que ensinar a pescar…

Mas, como a vida anda prá frente, impende reconhecer que há evoluções a contabilizar e que, vez por outra, um pontinho de luz aparece no fim do túnel. Seja por que há jovens se dando conta de que é preciso retificar a rota ou por que – ainda que como pregou S. Paulo – há que se “esperar contra toda a esperança” de que o ano vindouro sendo ano eleitoral possa se passar Itapé a limpo, discutir suas dificuldades e carências e realimentar a esperança de que, amparados no bom exemplo dos nossos antepassados, possamos realizar o bom sonho de uma cidade mais justa, mais humana e devido mais feliz.

Salve Itapé no seu 62° aniversario!

Participei de sua emancipação, de sua vida e dos seus sonhos, por que quem mais amar Itapé, não a amará mais que eu.

CARLOS EDUARDO SODRÉ – Estados Unidos da América, Orlando, 28 de dezembro de 2023.