O presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, anunciou que o meia Ramírez, acusado por Gerson de injúria racial durante a vitória do Flamengo pelo Brasileirão, será reintegrado ao elenco.

Pelo relato do meia do Fla na saída de campo, o colombiano teria dito “cala boca, negro” durante uma discussão após o primeiro gol do time baiano. O placar estava 2 a 1. Ramírez negou a acusação, alegando posteriormente, em vídeo, que disse “joga sério”.

– A gente esforçou e não conseguiu identificar outra prova ou circunstância além da palavra da vítima. Isso não é um reducionismo. A palavra da vítima é relevante e importante. Ponto. Não consegui cravar que a decisão mais correta seria abandonar a presunção de inocência de Ramírez. Consolidamos a ideia que ele deve continuar no clube, ser reintegrado imediatamente e ficarmos atentos aos processos que estão acontecendo: polícia, Ministério Público, STJD, Entendendo que qualquer outro fato que surja vai merecer análise. Procurei esse tipo de orientação, sou dono das minhas decisões, a responsabilidade é minha. O Bahia seguirá firme e eu peço a confiança das pessoas. Existe aí um recado muito forte de que temos muito mais para fazer – disse Benlintani, em entrevista à TVE Bahia.

Bellintani disse, em entrevista ao GLOBO, que “quanto mais investigações, melhor”. O dirigente conversou com o próprio Gerson. Na terça-feira, o jogador do Flamengo prestou depoimento na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADI). Um inquérito da Polícia Civil apura as denúncias do jogador. Ao mesmo tempo, a procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) pediu abertura de inquérito para apurar se houve alguma infração disciplinar por parte do jogador do Bahia. À TV Fla, Gerson disse por que não teria motivo de inventar a história.

– Eu sou um dos que menos gosto de dar entrevista, não gosto de aparecer muito. Eu não ia aparecer na televisão e fazer uma acusação dessas… não sou nenhum palhaço. E depois ainda provariam que era mentira. Minha filha e família iam me ver como mentiroso? Não preciso de mídia. Eu tenho que aparecer é no campo. Sobre quem fez deboche, não tenho nem o que dizer – disse o meia.

Nesta quinta, o Bahia divulgou uma longa nota oficial, na qual ratificou a decisão de reintegrar Ramírez. “Os laudos das perícias em língua estrangeira contratadas pelo Bahia não comprovam a injúria racial e o clube entende que, mesmo dando relevância à narrativa da vítima, não deve manter o afastamento do atleta Indio Ramírez ante a inexistência de provas e possíveis diferenças de comunicação entre interlocutores de idiomas diferentes”.

O clube ainda acrescentou dizendo que “o papel do Bahia é de formação e transformação, sempre preservando os direitos fundamentais e a ampla defesa. O atleta deverá ser reincorporado ao elenco tão logo os profissionais da comissão técnica e psicólogos entendam adequado”.

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