hblemUm total de 84 mortes num universo de 472 internações em um mês levou o município de Itabuna a reconhecer que a “letalidade” do Hospital de Base Luís Eduardo Magalhães é “alta”. Os números constam de relatório mensal, relativo ao mês de setembro, divulgado hoje no boletim da prefeitura de Itabuna distribuído à imprensa.

Como justificativas para a “alta letalidade” do HBLEM, o texto da assessoria diz que ela “reflete, na verdade, a intensa movimentação de pacientes graves, vítimas de acidentes e da crescente violência urbana, em sua maioria transferidos de outros 120 municípios para o HBLEM, que é considerado uma referência regional”.

O relatório mostra que dos 472 pacientes internados, 55,5% eram oriundos de cerca de 120 municípios da região, e 45,5% eram de Itabuna. Ao todo, foram realizados 28.513 procedimentos no HBLEM no mês relatado.

Caolho

O relatório é comentado pelo presidente da Fundação de Assistência à Saúde de Itabuna (Fasi), Antônio Costa. E o dirigente aproveita para mandar seus “recados”, por meio da imprensa oficial. Diz, por exemplo, que o problema vivido pelo Hospital de Base “não é de gestão, mas de [falta de] de recursos”. E emenda, numa visão caolha, que só enxerga um lado do problema, de preferência o que melhor atende a suas próprias convicções:

* “(…) a unidade luta permanentemente para a superação de dificuldades financeiras crônicas, uma vez que o hospital é mantido com recursos do SUS, cuja tabela de prestação de serviços remunera apenas 30% dos custos operacionais;

* o problema do hospital não é de gestão, mas de recursos, pois Itabuna mesmo sendo um pólo de atendimento para pacientes do Sul e Extremo Sul da Bahia, não tem um tratamento igual em relação a outras unidades;

* Em setembro o hospital registrou uma movimentação de recursos de R$ 1,7 milhão, mas com despesas empenhadas de R$ 1,9 milhão no mesmo período, ou seja, um déficit de cerca de R$ 200 mil;

* Hoje, o hospital recebe mensalmente R$ 1,5 milhão repassados pela Sesab, que transfere para o Hospital Regional Luis Viana Filho, em Ilhéus, um valor três vezes maior e destina ao Hospital de Santo Antônio de Jesus, cidade com uma população de 100 mil habitantes e que atende a pacientes de apenas 20 municípios circunvizinhos, uma dotação de R$ 2,3 milhões mensais.”

E, para arrematar: “Vale salientar que nos meses de junho, julho e agosto deste ano a Sesab repassou para uma clínica itabunense que atua na área de oftalmologia o equivalente a R$ 7.793.991,84, o que representa uma média mensal de R$ 2,6 milhões por mês.”

Ora, esses hospitais – à exceção da tal clínica, que não teve o nome revelado – citados pelo diretor são da gestão do estado. O dirigente esquece, por exemplo, que é o mesmo estado que fez proposta assumir a gestão do HBLEM e espera uma resposta do muncípio, que deve decidir se quer ou não ver sua população atendida precariamente, com um índice tão alto de “letalidade”.

Por outro lado, os números que apresenta, como gestor de uma fundação que tem como objetivo promover a saúde da população, deveriam servir como argumentos favoráveis à aplicação desse mesmo ‘mar de recursos’ em Itabuna, com o Hospital de Base sob a tutela do estado.

E, só pra não dizer que a conta não fecha sem motivo: Costinha informa que o déficit em setembro foi de R$ 200 mil. Quanto era mesmo a contrapartida do município na gestão do HBLEM?

Pelo que se noticia, a promessa era de R$ 300 mil mas, após as reduções propostas pela prefeitura, a bufunfa ficaria em torno de… R$ 200 mil! Esse valor, que não vem sendo pago pelo município, talvez salvasse as contas do HBLEM. Claro, se aliado a uma boa gestão.